quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Estas palavras sim são egoístas, porque nada que eu tento expressar através delas consegue se livrar desta melancolia intrusa. Tudo soa lamento, tudo soa caos e desordem, mesmo que estes não sejam os reais combustíveis e/ou motores do meu escrever... Tudo parece banalmente importante, interessante e descritível. Mas não é.
Chega de procurar pontuações, fugir dos jargões e repousar na poesia. Chega de agradar o que não retribui.
As musas, os deuses ou até mesmo o dicionário não podem me alcançar aqui, aqui onde eu respiro, olho e reflito intocável e impassível, se a minha felicidade é sensível como a sua, ou se você consegue entender que a minha alegria é permeada de falhas, que meu êxito corre ao lado do fracasso, e que esta corrida não tem fim (mas tem sim intervalos, e são estes que determinam o momento). Mas o que me faz coçar a cabeça e repetir um movimento que outros atribuíram à dúvida, é se você pode entender, através ou até mesmo sob todas estas queixas, que isto me faz humana. E ser humana é o único jeito que eu sei ser.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ela, que podia sonhar com tudo, se restringia a sonhar sempre com as mesmas passagens cotidianas, os mesmos fragmentos que já cansara de escrever e publicar, as mesmas narrativas q todos os dias passavam por seus olhos já desatentos, olhos que outrora eram tomados por tamanho entusiasmo mas que agora eram apenas vigilantes desmotivados que guardavam um bem que não os pertencia e não os sensibilizava.
Ela podia, em sonho, ser bailarina, poeta, cigana e até mesmo encontrar-se com a verdade.
Podia governar nações, podia governar a si mesma! Mas não o fazia, não sonhava.
De olhos abertos, queria tudo que lhe fosse alheio, sonhava com o que lhe era distante, impossível... De olhos fechados, não alcançava nada mais do que aquilo que já era seu. 



terça-feira, 7 de agosto de 2012

Metafísica

Há ainda um princípio desconhecido, um formigamento leve que às vezes passa a moderado, um desconforto vulgar que rouba alguns minutos diários. Pensamentos diáfanos, impalpáveis...
Os olhos teriam mudado? O olhar não era o mesmo.
Depois de iniciado o processo constante de se avaliar, de entender as suas próprias concepções e de traduzi-las para a prática aqui estamos nós, eu e o bom-senso. Sentados, olhando através um do outro e assim já não sou a mesma. Tenho errado e negado, como sempre, mas hoje eu já não posso justificar, como fizera outras vezes, e ele já não me queria aconselhar.
Parece que cheguei tão perto da estabilidade, de caminhar de costas retas e falar com firmeza. Cheguei perto do ápice da afirmação que parece ser tão nobre quando narrada, mas que não acendia em mim chama alguma.
Adianta buscar nestes fragmentos tão alheios os motivos que me fazem assim? Aliás, caberia encontrar o motivo, o significado do ser? Um propósito talvez?!
Estas palavras soam tão carregadas de sentido quando são pensadas, e agora que digo/escrevo só parece que me perdi mais uma vez, mas como o título sugere eu me permito transitar no impalpável e continuar sem alcançar o inteligível.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Aos de Alma Rasa

São tantas ideias, tantos sentimentos que poderiam ser descritos com uma riqueza de detalhes inatingível, intangível. Todos os movimentos, as palavras, as contradições e inquietações parecem coreografadas, esperadas e ainda que dolorosas são aceitas. Mas falta a sensibilidade para verbalizar. Não toca no assunto.
Tudo é parte de um plano superior! 
Ela se aquieta.
Pálida, soluçante e ainda assim risonha. 
Quem há de cuidar do mundo? Quem há de cuidar de mim?
Eu já não me cuido mais, parem de cuidar também! 
Não procura tratamento, não procura diagnóstico e nem resultados. Não procura a felicidade. 
Obrigada, suplementos instantâneos eu já tenho e vivo bem com eles, levem seu futuro sintetizado das experiências dos outros para o lugar onde levarão suas exigências e estoquem ao lado dessas hostilidades...
Enquanto isso fica lá, trançando os cabelos, colorindo a pele e fazendo o que bem entende, se é que ela entende a grandeza que é saber. Um dia de cada vez menina! Um dia de cada vez!